4 de out. de 2014

[COMENTÁRIO GERAL] O filme "A Bela e a Fera" e a infância com um olhar mais adulto



Para começar o mês de Outubro de forma bem produtiva, o SUPER LEITURA traz neste COMENTÁRIO GERAL uma análise pessoal a respeito da recente estreia do cinema há algumas semanas atrás: A Bela e a Fera.

Como o filme está diretamente ligado a um conto literário, tem espaço garantido nesta postagem.

Primeiro uma avalanche de dados.



A Bela e a Fera, no original francês La Belle et la Bête, é meu conto de fadas preferido. Não sei explicar muito bem o por quê. Só sei que acho a estória impactante e bem desenvolvida. Acredito que o que criou essa tendência é o fato de saber (depois de adulto, é claro) que este é um dos poucos contos de fadas a manter a ideia do original em suas releituras e adaptações. Culpa maior sobre isso é da própria sociedade moderna, que fez de Branca de Neve e os Sete Anões e Chapeuzinho Vermelho (mundialmente atribuídos a Jacob e Wilhelm Grimm); A Pequena Sereia (Hans Christian Andersen); e Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll),por exemplo, estórias mais diluídas e com o caráter de iniciação a leitura. Em certos caso até mesmo abandonando o poder historiográfico/antropológico presentes na aura das narrativas.

Vejo que isso se deve ao fato de que, a constante atribuição de contos populares a um único autor acabou criando a ideia da particularização do texto. Ou seja: do momento em que conto a estória passa a ser minha e posso fazer qualquer mudança que achar necessária.

É por isso que quem foi ao cinema assistir a produção francesa "A Bela e a Fera" vai se surpreender. Estamos muito mal acostumados com aqueles livrinhos coloridos para crianças de 4 a 7 anos e com o que a Disney oferece de conto de fadas. Christophe Gans (diretor do filme) quis reavivar o conto original, que embora nunca tenha perdido muito da sua aura nas releituras, enfim voltou a ser o que de fato foi: um conto francês.

O cinema autoral francês reavivou o amor presente no conto da Dama de Villeneuve, Gabrielle Suzanne-Barbot, que fica marcado pelo gosto francês pelos planos e enquadramentos ousados (a um excesso de plongées e contra-plongées), travelings e close-ups definidos. A composição de cores também é agradável. A constante superposição de branco com tons de dourado realçam a magia e a nobreza que permeiam por toda a narrativa.

Para quem acompanha as críticas do site "adorocinema.com" há de estranhar as simplórias três estrelas que a película é agraciada. Ao meu ver, 2014 ainda não tinha me agradado com um bom filme. E olha que assisti bastante! Mas nada foi capaz de superar a minha reação com A Bela e a Fera, que me supreendeu em todos os aspectos. A seriedade com que a adaptação foi realizada; os elementos fílmicos abordados de forma graciosa e autoral para um produção especialmente comercial; a caracterização de personagens (figurinos) que deram o brilho as cenas. Sem falar, é claro, na predisposição de rememorar a infância com um olhar bem mais adulto.

Essa está sendo uma tendência do cinema mundial. Branca de Neve e A Bela Adormecida já ganharam suas versões adultas da estória. Em produção estão os inéditos Peter Pan e Cinderela. Todos no olhar Hollywoodiano. Parabéns a equipe de A Bela e Fera, que fez deste filme um momento de sintonia com o que a de mais belo na relação literatura e cinema: uma boa adaptação.

Espero que este comentário possa ter aberto seu olhar para esse novo momento que o cinema de conto de fadas ganhou. Dê um adeus para Disney e seus musicais animados. Acho que podemos esperar um novo respiro para os grandes clássicos dos séculos XVIII e XIX.


Até a próxima!

Nenhum comentário: