18 de jan. de 2014

A Literatura e o seu poder de crítica. Análise de uma postagem do Facebook.

Olá pessoal! Devido as mudanças de horário do nosso Blog (mudanças aconteceram devido aos meus novos horários) e a fim de manter nossas duas colunas funcionando, na semana passada tivemos a estreia da coluna "DE OLHO NA MÍDIA" no formato podcast (espero que a galerinha da comunicação tenha gostado, pois semana que vem tem de novo).

Mas esse final de semana volta a coluna "COMENTÁRIO GERAL"! Para satisfazer o ego dos leitores e amantes da literatura, que querem aproveitar uma análise sobre esse universo.

Bom, sendo assim, quero comentar hoje sobre uma postagem do Facebook que a nossa fanpage compartilhou no meio dessa semana. Eu comentei na repostagem, mas não falei tudo o que, pelo menos acredito, poderia ser dito da postagem.



Veja a imagem:


Não sei se conseguem ler, então confiram a descrição da mesma aqui:

"As pessoas têm fome de muitas coisas além de comida. Elas precisam de distrações. E, se não dermos isso a elas, elas criarão as suas próprias. E essas distrações provavelmente terminarão com a nossa raça rasgada e em pedaços." – Olenna Tyrell.

Então. Esse é um diálogo das Crônicas de Gelo e Fogo de George. R. R. Martin. Aqui no SUPER LEITURA (durante as primeiras postagens) eu já analisei a obra. Li os cinco livros já publicados e também acompanho a série (assim como muitos estou ansioso pelo desfecho!). Vemos na imagem a personagem ao qual pertence o diálogo. A matriarca da Casa Tyrell, Olenna Tyrell. [Clique aqui para ver a análise de As Crônicas de Gelo e Fogo]

Dentre o universo, quase que em escala geométrica, de personagens existentes na obra norte-americana, Olenna Tyrell está entre as mais requisitadas quanto ao respeito do público. Embora não faça parte do círculo principal de personagens (quem leu os livros sabe que existem vários protagonistas, e que esses se encontram durante os capítulos. No entanto cada capítulo se refere a um em particular. Assim sendo, eu chamo esse grupo de personagens de "Círculo de Ação e Trama", pois sempre estão presentes em momentos importantes da história. Isso mesmo quando não estão protagonizando de fato).

Na Série de TV "Game of Thrones" da HBO, a imagem retrata um dos capítulos SANSA (se não me engano do segundo livro "Fúria dos Reis"). Nesse momento em particular, não é Sansa que "protagoniza" o capítulo, mas sim a matriarca da Casa Tyrell, que mostra seu conhecimento de política em uma sociedade, que embora fictícia, remete muito ao contexto histórico social da humanidade.

A ironia de Olenna está por representar a famosa, e repudiada, pelos sociológos, cientistas políticos e historiadores, defensores das causas humanas, "Política do Pão e Circo". Citada pela primeira vez durante o império romano como forma de manter o controle sobre a sociedade, essa política ditava as regras de convívio em que se acreditava (ou levava-se a isso) que se o povo era alimentado e tinha focos de distrações da vida miserável que levava, não interferiria no andamento da política e do poder dos nobres.

Para hoje, dentre as muitas coisas que se podem citar a partir deste diálogo, quero falar-lhes da facilidade que a literatura desenvolve um olhar crítico e satírico a essa forma de política, que embora tenha surgido séculos atrás, mantém-se firme em muito dos países do século XXI. Em especial no ditos países de Terceiro Mundo.

Levando em consideração, que ao seguir a leitura (ou a Série de TV) descobre-se que Olenna, mesmo pensando no povo, está mais preocupada com a hegemonia dos poderes de Westeros, não se pode negar que Martin aproveitou o discurso de sua personagem para tecer sua crítica a respeito do sistema político mundial. Estamos em pleno século XXI, mas mesmo assim condições de vida precária, isolamento da população da política de sua nação, fome, descaso etc. fazem parte de um cenário real. 

O que quero destacar nessa matéria é que as vezes julgamos o conteúdo que a mídia apresenta pelo simples fatos de que a própria em muitos casos se encontra corrompida. Já ouvi muitos dizerem que não leem As Crônicas de Gelo e Fogo por se tratar de um produto puramente comercial. Quero dizer que antes de mais nada,um escritor é um pensador e um disseminador de ideias. Se a mídia adorna um produto isso não quer dizer que ele seja algo sem conteúdo. Vazio. Pelo contrário! Quando a mídia faz isso está tentando de todas formas manipular consumidores a não terem contato com aqueles pensamentos. Ou se tiverem, que não os compreendam.
Pense a respeito. Quantas vezes não já leu um livro e achou aquela realidade tão parecida com sua? Livros são meios de comunicação. E importam para eles em primeiro lugar comunicar. Devemos é aprender como absorver a informação ali contida. Para encerrar fico com a célebre citação de Monteiro Lobato: "Um país se faz de homens e livros".

5 de jan. de 2014

[COMENTÁRIO GERAL] A Visão de C.S.Lewis sobre a literatura e reflexões para 2014

Um dos mestres da literatura fantástica e infantil, C.S.Lewis, um dos patronos do Blog SUPER LEITURA, deixou registrado em um de seus muitos artigos reflexões importantes a respeito de ser um escritor e de sua experiência como contador de história.
Abrindo o mês de janeiro, a coluna Comentário Geral trás agora uma análise momentânea de "Três maneiras de escrever para crianças" artigo de grande repercussão do autor, e que está presente na compilação brasileira de "As Crônicas de Nárnia" (Volume Único da Editora Martins Fontes).
Para fazer essa análise separamos alguns dos principais (pelo menos no ponto de vista do blog) tópicos apresentados pelo britânico que repercutem na carreira de todo escritor, mesmo que o texto tenha como tema central a literatura infantil.

(...) A matéria de nossa história deve fazer parte do mobiliário habitual de nossa mente (...)

Começamos com essa frase que aparece nas linhas finais do artigo. Essa forma com C.S.Lewis apresenta a forma de pensar e agir de um escritor são sem sombra de dúvidas o precursor do novo método literário presente no mundo. Não se escreve sobre o que não se conhece ou não gosta. É comum vermos pessoas vivenciando dilemas por terem ótimas histórias, mas não saberem contá-las. Ou pessoas que temem contá-las porque o grupo social em que vive não é adepto. Besteira! Escreve-se sobre o que se domina! Se você tem aptidões para produzir um texto (seja ele o mais simples possível) tenha em mente que acima de tudo escreve sobre o que compreende. A literatura é um meio de comunicação altamente sensorial e intimista. É nela que você desabrocha os mais escondidos prazeres da alma. Seu objetivo não é fazer com que o mundo fale de você, e sim que quem tenha a chance de lê-lo venha a conhece-lo por seus textos.


(...) muita gente escreveu histórias bem melhores que as minhas, e prefiro aprender essa arte a pretender ensiná-la (...).

Dentre as preocupações de um escritor a principal é agradar. É lógico que ao escrever você deve ter em mente que ninguém se dá ao luxo de ter em mãos um texto sem coesão, cheio de erros, sem graça/objetivos e que não possua carga dramática (isso no caso de ficções!). No entanto, se você consegue respeitar esses princípios, seu texto deve ser enxergado como um presente seu para os leitores. Há muitos que tratam o que escrevem como produtos e comparam com outros a fim de descobrir se é tão bom ou melhor. Deixe isso para os leitores. Eles é quem devem criar essa relação de comparação. Lembre-se: você é um artista! E como um deve agir de forma sensata. Sua maior preocupação é produzir sua arte (textos) e fazer com que ela seja apreciada pelos mais diferentes gostos. A frase de Lewis exprime como ele se sentia as comparações da época. Ignorantes, em seu engodo de saber literatura, tentam comparar Lewis e Tolkien, por exemplo, mas nem mesmo sabem que ambos sentavam juntos em um café após a faculdade para conversar a respeito de seus trabalhos literários. Suas preocupações não eram descobrir quem sabia mais, e sim aprender um com o outro. Com certeza seja por isso que até hoje ambos são colocados em pedestais de ouro por leitores fanáticos.

(...) assim como nem toda literatura infantil é fantástica, nem todos livros fantásticos são infantis (...)

Essa frase tem endereço particular. Leitores e escritores de literatura fantástica. Esse gênero que a cada dia cresce no mundo já foi muito criticado. Contos de fadas não são coisas de crianças. Pense bem. Porque transformar um gênero tão expressivo em motivo de reprimendas sociais? Na época de Lewis ele conta ter sofrido com essa constante crítica a respeito do seu estilo. Eu por outro lado, assim como o mestre britânico, acredito que o gênero é acessível a todas as idades. Primeiro: contos de fadas são alusões da vida real que exprimem de forma mais veemente desejos escondidos. No mundo de hoje nos camuflamos tanto para sermos aceitos na comunidade que esquecemos que isso é prejudicial. O gênero fantástico nos ajuda a manter vivo essa essência que existe em nós. Segundo: Por mais que não queiramos somos todos crianças. Ao passo que a cada dia aprendemos novas coisas e mantemos em nossa mente lembranças agradáveis de uma época que se passou.

Bom esse foi nosso contanto inicial em 2014. Espero que tenham aproveitado as palavras de Lewis assim como eu fiz. Um abraço e até domingo que vem com mais um COMENTÁRIO GERAL.