Para você mais um ANIME ZONE!
Havia dito no COMENTÁRIO GERAL do início do mês que o ANIME ZONE de agosto seria um pouco crítico. Como promessa é dívida estou aqui para cumprir!
No final de julho de 2014 o governo japonês havia divulgado
uma iniciativa de fechamento de sites de stream e download de arquivos de animes e mangás
comercializados internacionalmente de forma ilegal. Traduzindo: mais uma
tentativa de combate a pirataria virtual. Confira um trecho de uma das muitas
matérias veiculadas na web pelos sites especializados em cultura oriental, que
falavam sobre isso:
"Em associação com 15 produtoras Anime/Manga o governo japonês revelou que no próximo mês vai iniciar uma enorme operação contra 580 sites estrangeiros que disponibilizam online anime e manga sem a autorização dos detentores dos direitos de autor, focando-se principalmente nos sites que permitem ver os episódios online.
A agência japonesa dos assuntos culturais revelou que só o ano passado os sites chineses do género provocaram uma perda de aproximadamente 560 mil milhões de yens. No dia 1 de Agosto vão começar a ser enviados pedidos de remoção de conteúdos aos operados dos 580 sites e a operação vai colocar também online um site que vai mostrar aos fãs formas legitimas de assistir os seus animes favoritos".
(FONTE: www.otakupt.com)
Isso criou um grande reboliço em várias
comunidades otakus do Brasil. Sim. Nosso país tinha alguns de seus sites na
pretensa lista acima citada. Questionamentos como "O que vai
acontecer?", ou bravatas do tipo "O Japão não tem esse
direito!" foram vistas e ouvidas em um curto espaço de três dias. O prazo
apresentado pelo Japão não foi cumprido por nenhum site (pelo menos não no
Brasil) o que implica no quê?
Bom, implica que nem mesmo o país com uma
política bem encaixada é capaz de deter os processos do espaço virtual, que apresenta-se como
um outro mundo, com outras regras. Implica que o consumo da mídia japonesa de
entretenimento só cresce no planeta.
Mas implica também que esse crescimento de
público não é acompanhado pelos países estrangeiros. O surgimento quase que
diário de “sites piratas” só é justificado (isso se você quiser considerar isso
uma justificativa) porque os centros culturais de mídia não se interessam em
tornar o consumo do conteúdo nipônico mais expressivo. E aqui vou falar mesmo é
de Brasil!
Depois do período que Eduardo Miranda
(ex-diretor de Cinema da extinta TV Manchete) denomina de “Era de Ouro dos Animes
no Brasil” (que vai de 1994 à 1997) nosso país nunca mais manteve um laço tão
concreto com a mídia de entretenimento do Japão por meio dos veículos de massa
(da televisão). Salvo exceções como Pokémon, Digimon, Yugi-Oh!, nada foi tão
expressivo a nível de público como no período da TV Manchete. Emissoras como
Globo, Band e Play TV ainda tentaram estabelecer esse contato, mas, ou o
fizeram de maneira ineficiente, ou não souberam discernir que tal produção
exige um nível de comprometimento diferente dos cartoons norte-americanos.
As TVs Fechadas são a mesma coisa. A
presença de animes em suas programações acontece somente pela ideia de
entretenimento por entretenimento. O Play TV, desde quando se voltou para esse
segmento, vem tentando construir esse cenário midiático entre público e
conteúdo asiático, contudo de forma muito desordenada e inexpressiva.
O que é interessante em tudo isso é que
estamos chegando próximo da data matriz para essa relação entre público
brasileiro e mídia oriental. Dia 1º de Setembro completa-se 20 anos da primeira
exibição de “Cavaleiros do Zodíaco”, que são a pedra angular desta relação.
Seja de amor ou ódio. O mais intrigante é ver que nenhum veículo de comunicação
aprendeu com a TV Manchete, que mesmo quase falida empreendeu em um negócio arriscado.
Se os problemas financeiros e administrativos da emissora não estivessem tão
críticos naquele momento, ela estaria até hoje ofertando conteúdo de qualidade
para o atual público otaku brasileiro. Afinal de contas vencer a Globo por
quase um ano em no mínimo meia hora de programação era quase impossível para
qualquer uma nos anos 90!
Sem a Manchete o que nos resta é a internet. E ter esse
elemento ameaçado realmente é válido todo o alarde registrado entre os dias 29,
30, 31 de julho. Sabe, nem eu mesmo sei o que faria se perdesse meu acesso aos
anime e mangás. Ainda bem que existe grupos que já se ligaram na importância
desse tipo de mídia para o jovem tupiniquim. Netflix e Crunchyroll estão
trabalhando para fomentar essa lacuna sem precisar intervir ao processo ilegal
da coisa. O único problema é que somente 23% da população brasileira têm acesso
à internet diariamente, e desse tanto menos ainda podem manter contas em sites como
os já citados.
Não podemos esquecer. São vinte anos de uma relação de altos e baixos proporcionados pelas empresas da mídia, mas bem guardados por nós fãs. A cada ano, cada temporada, cada novo título e personagem apenas reafirmamos nosso laço de afetividade. De CDZ até hoje centenas de obras já se tornaram ícones não só para o Brasil, como para o mundo. Shonnen, Shoujo, Echii, Core, Doramas, e até mesmo Hentai (para quem curte). Vivenciamos uma outra visão de gêneros tanto para o cinema, quanto para a televisão ou a literatura. Somos uma tribo unida por uma causa abrangente!
Não podemos esquecer. São vinte anos de uma relação de altos e baixos proporcionados pelas empresas da mídia, mas bem guardados por nós fãs. A cada ano, cada temporada, cada novo título e personagem apenas reafirmamos nosso laço de afetividade. De CDZ até hoje centenas de obras já se tornaram ícones não só para o Brasil, como para o mundo. Shonnen, Shoujo, Echii, Core, Doramas, e até mesmo Hentai (para quem curte). Vivenciamos uma outra visão de gêneros tanto para o cinema, quanto para a televisão ou a literatura. Somos uma tribo unida por uma causa abrangente!
Não sou um visionário, mas vejo que essa turbulência do
início do mês serviu para despertar as empresas de comunicação do país. Um
exemplo são às editoras especializadas. Os títulos apresentados no Anime
Friends 2014 foram muito aguardados para o momento e rapidamente sucumbiram
esse temor de perder os fansubers nacionais. Resta saber se isso se tornará
rotina ou se foi apenas um rompante de um período que às vezes parece que não
voltará mais.
P.S.: Se você está a fim de saber mais sobre essa relação que nós brasileiros mantemos com os animes e mangás japoneses não pode perder o Matsuri 2014! Aqui no Maranhão pela primeira vez, ele, Eduardo Miranda (o "pai dos animes no Brasil") vai estar presente com uma palestra sobre "Cavaleiros do Zodíaco e os anos de ouro do anime no Brasil". É no Centro Pedagógico Paulo Freire / UFMA, em São Luís, dia 22 e 23 de novembro! Vem! Eu vou!
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