Desta postagem em diante, caro leitor, você vai vivenciar (ao menos uma vez por mês) a minha paixão pela literatura do Maranhão. Apaixonado por meu estado como sou (com seus altos e baixos) ,e ludovicense movido pelo "Espírito da Atenas Brasileira", não posso deixar de apresentar minhas impressões a respeito da produção de nossos antepassados condecorados no Brasil e no mundo.
E para começar nada mais interessante do que um clássico do movimento naturalista nacional: O Cortiço.
Já superado o indianismo de Capistrano de Abreu e Nina Rodrigues, exacerbado no "O Guarani" de José Alencar, Aluízio aborda em seu "O Cortiço" (1890) a miscigenação das raças, credos e culturas que compõe a sociedade brasileira. Mas especificamente a sociedade fluminense. A miscigenação é um assunto muito delicado na obra, que refuta temas como as reações "raça e meio"; ; o ufanismo do português que assume a sua brasilidade; e do saudosista que chora pelo solo luso.
Mas vamos a análise!
Na obra "O Cortiço" vemos o naturalismo ser abordado de forma caricata e humorada pelo maranhense, que evoca o movimento literário na própria construção do cenário de atuação da narrativa: o cortiço. A forma como o palco das peripécias de seus personagens se constrói faz dele o que podemos considerar como um personagem-título. Tudo o que acontece na estória é no cortiço ou pelo/por causa do cortiço.
De acordo com o contexto histórico da
época teorias como o Positivismo, Darwinismo e o Determinismo influenciaram o
surgimento e a constituição dos ideais realistas/naturalistas. A primeira
apresenta-se na questão da busca pela verdade presente antes de tudo na
experiência. É o que vemos ao reconhecer esta “busca” na comunidade do cortiço,
que em suas singularidades procurava se firmar socialmente em razão dos demais
fluminenses no Rio de Janeiro.
Já na segunda, o darwinismo, fica por
parte de João Romão, português soberbo que faz de um tudo para destacar-se de
seus convivas do cortiço e ratificar a superioridade de seu sangue europeu
sobre os brasileiros dos trópicos. Por fim, o determinismo, teoria segundo a
qual o homem é condicionado pelos fenômenos que vivenciou, passando a ser deles
consequência. Um exemplo claro é o português Jerônimo, que antes era ligado a
sua terra e suas tradições, contudo foi condicionado pelos ritmos e modo de
vida do brasileiro devido aos encantos de uma mulata (Rita Baiana).
Gostaram da dica? É isso aí! Uma boa leitura!